- When I was a little child,
- and dwelling in my kingdom of my father's house,
- and in the riches and luxuries of my teachers,
- I was living at ease.
- [Then] from our home in the East,
- after they had made preparations,
- my parents sent me forth.
-
- [...]
- Then they made with me an agreement,
- and they inscribed it in my heart so that it would not be forgotten:
- "If [you would go] down into Egypt
- and bring [back] the one pearl,
- which is in the middle of the sea
- surrounded by the hissing serpent,
- then you will put on your glorious garment
- and your toga which rests (is laid) over it.
- And with your brother, our second in command,
- you will be heir in our kingdom."
-
- [...]
- I went straight to the serpent,
- around its lodging I settled
- until it was going to slumber and sleep,
- that I might snatch my pearl from it.
- Then I became single and alone,
- to my fellow-lodgers I became a stranger.
-
- [...]
- But in some way or another,
- they perceived that I was not of their country.
- So they mingled their deceit with me,
- and they made me eat their food.
- I forgot that I was a son of kings,
- and I served their king.
- And I forgot the pearl,
- on account of which my parents had sent me.
- Because of the burden of their exhortations,
- I fell into a deep sleep.
- But [because of] all these things which happened to me,
- my parents perceived [my oppression], and were grieved for me.
- [...]
- And they wrote a letter to me,
- and every noble signed his name on it.
- "From your father, the king of kings,
- and your mother, the governor of the East,
- and from your brother, our second in command,
- to you, our son, who is in Egypt, peace.
- Awake and arise from your sleep,
- and hear the words of our letter.
- Remember that you are a son of kings,
- consider the slavery you are serving.
- Remember the pearl,
- on account of which you were sent to Egypt.
- Think of your glorious garment,
- remember your splendid toga,
- which you will put on and wear
- when your name is called out from the book of the combatants (athletes).
- And with your brother, our viceroy,
- With him, you will be in our kingdom."
-
- [...]
- I remembered that I was a son of kings,
- and my free soul longed for its natural state.
- I remembered the pearl,
- on account of which I was sent to Egypt.
- Then I began charming it,
- the formidable and hissing serpent.
- I caused it to slumber and to fall asleep,
- for my father's name I named over it,
- and the name of our second in command (our double),
- and of my mother, the queen of the East.
- Then I snatched away the pearl,
- and I turned to go back to my father's house.
- And their filthy and unclean clothing,
- I stripped off and left it in their country.
-
- [...]
- and my glorious garment which I had stripped off,
- and my toga which was wrapped with it,
- (from Ramatha and Reken), from the heights of Hyrcania,
- my parents sent it there,
- with the hand of their stewards,
- who, on account of their faithfulness, could be trusted with it.
-
- [...]
- I clothed [myself] with it and ascended,
- to the palace of peace and worship.
- I bowed my head and worshipped him,
- the brightness of my father who sent it to me.
- Because I had done his commandments,
- so also he did what he had promised.
- And in the palace of his scribes
- I mingled with his teachers,
- because he rejoiced in me and received me,
- and I was with him and in his kingdom.
- And with the voice of praise,
- all his servants were praising him.
- And he also promised that to the palace
- of the king of kings I will hasten with him.
- And with my offering and with my pearl,
- I should appear with him before our king.
Esse Hino, atribuído a Bardesanes, influente poeta do gnosticismo cristão do século 2º, oferece uma excepcional oportunidade para percebermos a profundidade do misticismo nos primórdios de nossa tradição interna. O Hino apresenta um comovente relato da peregrinação da alma, que culmina com a sua ‘salvação’, representada pela aquisição da ‘pérola’ (a Gnosis), e o consequente retorno ao reino da Casa do Pai, num estreito paralelo com a parábola do Filho Pródigo. Deixemos que a mensagem celestial de esperança penetre em nossos corações, pois a estória que será narrada é a história de nossa vida:
“Quando eu era criancinha, demasiado novo para falar, e morava no Reino da Casa de meu Pai, deleitando-me na riqueza e no esplendor daqueles que me nutriam, meus pais me enviaram do Oriente, nosso lar, numa missão, equipado com suprimentos para a jornada. Das riquezas de nossos tesouros eles me deram um grande carregamento, mas que era leve, para que eu pudesse carregá-lo sozinho.
A carga consistia de ouro das terras altas, prata dos grandes tesouros, jóias de esmeraldas da Índia e ágatas de Kushan. E cingiram-me com diamantes. Retiraram a minha veste cravejada de joias e adornada de ouro que, por seu amor, haviam feito para mim, e meu manto de púrpura, confeccionado na minha exata medida.
E fizeram um pacto comigo, gravando-o em meu coração para que eu não pudesse esquecê-lo, dizendo isto: ‘Se tu fores ao Egito e dali trouxeres a pérola que se encontra no meio do mar, envolta pela serpente voraz, então colocarás outra vez a veste cravejada de joias e, por cima, o manto que tanto aprecias e serás um herdeiro de nosso reino, juntamente com teu irmão, o segundo em nossa hierarquia.
Deixei o Oriente e parti acompanhado de dois guias, pois o caminho era difícil e perigoso e eu era jovem para uma tal viagem. Atravessei as fronteiras de Maishan, o lugar de encontro dos mercadores orientais, cheguei à Terra de Babel e entrei pelas muralhas de Sarbug. Continuei e, chegando ao Egito, meus acompanhantes separaram-se de mim.
Incontinente procurei a serpente, estabelecendo-me próximo de sua morada, aguardando a ocasião em que ela ficasse sonolenta e fosse dormir, para então tirar-lhe a pérola. Como estava sozinho e me mantinha à parte, parecia um estranho para meus companheiros de hospedagem. Entretanto, lá eu vi um homem livre, meu parente da terra da Alvorada, um jovem formoso e bem favorecido, filho de Nobres. Ele veio e juntou-se a mim.
Fi-lo meu parceiro predileto, um parceiro para minhas jornadas. Como constante companheiro alertou-me sobre os egípcios, para que evitasse misturar-me com os impuros. Pois, havia me vestido como eles, para que não pudessem imaginar que eu era estrangeiro e tinha vindo de longe para apossar-me da pérola e pudessem assim incitar a serpente contra mim.
Mas por alguma razão, eles souberam que eu não era de seu país. Com suas artimanhas, apresentaram-se a mim e ofereceram-me seus alimentos para comer. Ao prová-los, esqueci-me que era filho de um Rei e tornei-me um servo do rei deles. Esqueci completamente a pérola para a qual meus Pais me haviam enviado e, com o peso de seus alimentos, mergulhei num sono profundo
Meus Pais percebiam tudo aquilo que estava acontecendo, e ficaram ansiosos.
Foi feita então uma proclamação em nosso Reino: que todos se apresentassem rapidamente no Pórtico. E então os reis e chefes de Partia e todos os nobres do Levante decidiram que eu não deveria ficar no Egito. Escreveram-me uma carta e nela todos os nobres assinaram seu nome:
“De parte de teu pai, o Rei dos Reis, de tua mãe, Senhora do Levante, e de nosso segundo, teu irmão, ao nosso filho no Egito, saudações! Acorda e desperta de teu sono. Ouve as palavras de nossa carta! Lembra-te que és filho de um rei; vê a quem serviste em tua escravidão. Pensa outra vez sobre a pérola, a razão pela qual viajastes ao Egito. Lembra-te de tua veste gloriosa e de teu esplêndido manto, para que possas outra vez vesti-los e usá-los como ornamentos, e para que teu nome possa ser lido no Livro dos Heróis, e com nosso sucessor, teu irmão, possas ser herdeiro em nosso reino.”
A carta, que o Rei havia lacrado com sua mão direita, era como um mensageiro contra a ameaça dos filhos de Babel e dos rebeldes demônios do Labirinto. Ela voou na forma de uma águia, a rainha de todas as aves; voou até pousar ao meu lado, transformando-se num discurso inteiro. Com sua voz e o som de sua asas, levantei-me, despertando de meu sono profundo. Tomei-a, beijei-a, parti seu lacre e a li. As palavras de minha carta estavam redigidas como as que estavam escritas em meu coração.
Lembrei-me naquele momento que eu era filho de rei e que minha alma, nascida livre, tinha saudade daqueles da mesma natureza. Lembrei-me novamente da pérola, pela qual eu havia sido enviado em missão ao Egito. E comecei a cativar a terrível e ruidosa serpente. Encantei-a para dormir, cantando para ela o nome de meu Pai, o nome de nosso segundo e o de minha mãe, a Rainha do Oriente.
Apoderei-me, então, da pérola e parti em direção à casa de meu Pai. Retirei as vestimentas sujas e impuras, deixando-as em seu país de origem. Dirigi-me para o caminho pelo qual havia vindo, a estrada que leva à Luz de nossa casa, o Oriente. No caminho, encontrei diante de mim a mensagem que havia me despertado. E assim como ela havia me despertado com sua voz, agora me orientava com sua luz que brilhava à minha frente; com sua voz vencia meu temor, e com seu amor me conduzia.
Eu segui adiante… Vislumbrava, às vezes, as vestes reais de seda, brilhando diante de mim. Segui adiante; passei pelo Labirinto; deixei a Terra de Babel à esquerda; e cheguei a Maishan, o lugar de encontro dos mercadores, que se localiza na costa.
Meus pais enviaram-me a Veste de Glória que eu havia despido e o Manto que a cobria. Enviaram-nos das alturas de Hyrcânia, pelas mãos de seus distribuidores de tesouros, pois que, por sua lealdade, a eles podiam ser confiados. Sem me lembrar de seu esplendor, pois a havia deixado na Casa de meu Pai na minha infância, ao vê-la, imediatamente a Veste pareceu-me como a imagem de mim mesmo.
Percebi nela todo o meu ser e, por meio dela, reconheci-me e percebi-me. Pois, apesar de termos sido originados da mesma unidade, éramos parcialmente divididos e, no entanto, éramos também unos em semelhança. Também, os tesoureiros que a haviam trazido do alto para mim, vi que eram dois seres, mas havia uma única forma em ambos, um único símbolo real consistindo de duas metades. E traziam meu dinheiro e minha riqueza em suas mãos e deram-me minha recompensa.
A gloriosa veste reluzente, enfeitada com brilhante esplendor de cores: com ouro, pérolas e também com pedras preciosas de diferentes cores. Para realçar sua grandeza estava cingida com diamantes. (Além disso) a Imagem do Rei dos Reis estava estampada inteiramente nela; pedras de safiras tinham sido afixadas na gola com lindo efeito.
Percebi que movimentos de Gnosis abundavam em toda sua extensão, e que estava se preparando como que para falar. Ouvi o som de sua música, que sussurrava ao descer: ‘Sou eu que pertence àquele que é mais forte do que todos os seres humanos e para o qual fui indicada pelo próprio Pai. E percebi em mim como minha estatura aumentava com sua atividade’.
E (agora), com seus movimentos reais, ela vinha em minha direção, como que apressada nas mãos de seus doadores, para que eu pudesse (tomá-la e) recebê-la. E de minha parte, também, meu amor instava-me a correr ao seu encontro e tomá-la. Estendi-me para recebê-la; com sua beleza colorida vesti-me e enrolei-me em meu manto de cores resplandecentes.
Vestido dessa forma, ascendi ao Portal das Boas Vindas e da Reverência. Inclinei minha cabeça e prestei homenagem à glória do Pai que a havia enviado, cujas ordens eu havia cumprido, e que, de sua parte, também havia feito o que prometera. Ele recebeu-me com alegria, e fiquei com Ele em seu Reino, e todos seus súditos estavam cantando hinos com vozes reverentes. Ele permitiu-me também ser levado à corte do Rei em sua companhia, para que com a pérola eu pudesse comparecer diante do Rei.”
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