MiChelAngelo BUonaRoti Simoni

Hey! Reckless! Put yourself in my place Or enslave me in your eyes! Do it! Do it! Or forget me in your sleep! How? Oh hell! From now on… You sleep insane!

Sunday, August 21, 2011

Hymn of the Pearl - O Hino da Pérola


When I was a little child,
and dwelling in my kingdom of my father's house,
and in the riches and luxuries of my teachers,
I was living at ease.
[Then] from our home in the East,
after they had made preparations,
my parents sent me forth.
[...]
Then they made with me an agreement,
and they inscribed it in my heart so that it would not be forgotten:
"If [you would go] down into Egypt
and bring [back] the one pearl,
which is in the middle of the sea
surrounded by the hissing serpent,
then you will put on your glorious garment
and your toga which rests (is laid) over it.
And with your brother, our second in command,
you will be heir in our kingdom."
[...]
I went straight to the serpent,
around its lodging I settled
until it was going to slumber and sleep,
that I might snatch my pearl from it.
Then I became single and alone,
to my fellow-lodgers I became a stranger.
[...]
But in some way or another,
they perceived that I was not of their country.
So they mingled their deceit with me,
and they made me eat their food.
I forgot that I was a son of kings,
and I served their king.
And I forgot the pearl,
on account of which my parents had sent me.
Because of the burden of their exhortations,
I fell into a deep sleep.
But [because of] all these things which happened to me,
my parents perceived [my oppression], and were grieved for me.
[...]
And they wrote a letter to me,
and every noble signed his name on it.
"From your father, the king of kings,
and your mother, the governor of the East,
and from your brother, our second in command,
to you, our son, who is in Egypt, peace.
Awake and arise from your sleep,
and hear the words of our letter.
Remember that you are a son of kings,
consider the slavery you are serving.
Remember the pearl,
on account of which you were sent to Egypt.
Think of your glorious garment,
remember your splendid toga,
which you will put on and wear
when your name is called out from the book of the combatants (athletes).
And with your brother, our viceroy,
With him, you will be in our kingdom."
[...]
I remembered that I was a son of kings,
and my free soul longed for its natural state.
I remembered the pearl,
on account of which I was sent to Egypt.
Then I began charming it,
the formidable and hissing serpent.
I caused it to slumber and to fall asleep,
for my father's name I named over it,
and the name of our second in command (our double),
and of my mother, the queen of the East.
Then I snatched away the pearl,
and I turned to go back to my father's house.
And their filthy and unclean clothing,
I stripped off and left it in their country.
[...]
and my glorious garment which I had stripped off,
and my toga which was wrapped with it,
(from Ramatha and Reken), from the heights of Hyrcania,
my parents sent it there,
with the hand of their stewards,
who, on account of their faithfulness, could be trusted with it.
[...]
I clothed [myself] with it and ascended,
to the palace of peace and worship.
I bowed my head and worshipped him,
the brightness of my father who sent it to me.
Because I had done his commandments,
so also he did what he had promised.
And in the palace of his scribes
I mingled with his teachers,
because he rejoiced in me and received me,
and I was with him and in his kingdom.
And with the voice of praise,
all his servants were praising him.
And he also promised that to the palace
of the king of kings I will hasten with him.
And with my offering and with my pearl,
I should appear with him before our king.



Esse Hino, atribuído a Bardesanes, influente poeta do gnosticismo cristão do século 2º, oferece uma excepcional oportunidade para percebermos a profundidade do misticismo nos primórdios de nossa tradição interna. O Hino apresenta um comovente relato da peregrinação da alma, que culmina com a sua ‘salvação’, representada pela aquisição da ‘pérola’ (a Gnosis), e o consequente retorno ao reino da Casa do Pai, num estreito paralelo com a parábola do Filho Pródigo. Deixemos que a mensagem celestial de esperança penetre em nossos corações, pois a estória que será narrada é a história de nossa vida:

“Quando eu era criancinha, demasiado novo para falar, e morava no Reino da Casa de meu Pai, deleitando-me na riqueza e no esplendor daqueles que me nutriam, meus pais me enviaram do Oriente, nosso lar, numa missão, equipado com suprimentos para a jornada. Das riquezas de nossos tesouros eles me deram um grande carregamento, mas que era leve, para que eu pudesse carregá-lo sozinho.
A carga consistia de ouro das terras altas, prata dos grandes tesouros, jóias de esmeraldas da Índia e ágatas de Kushan. E cingiram-me com diamantes. Retiraram a minha veste cravejada de joias e adornada de ouro que, por seu amor, haviam feito para mim, e meu manto de púrpura, confeccionado na minha exata medida.

E fizeram um pacto comigo, gravando-o em meu coração para que eu não pudesse esquecê-lo, dizendo isto: ‘Se tu fores ao Egito e dali trouxeres a pérola que se encontra no meio do mar, envolta pela serpente voraz, então colocarás outra vez a veste cravejada de joias e, por cima, o manto que tanto aprecias e serás um herdeiro de nosso reino, juntamente com teu irmão, o segundo em nossa hierarquia.

Deixei o Oriente e parti acompanhado de dois guias, pois o caminho era difícil e perigoso e eu era jovem para uma tal viagem. Atravessei as fronteiras de Maishan, o lugar de encontro dos mercadores orientais, cheguei à Terra de Babel e entrei pelas muralhas de Sarbug. Continuei e, chegando ao Egito, meus acompanhantes separaram-se de mim.

Incontinente procurei a serpente, estabelecendo-me próximo de sua morada, aguardando a ocasião em que ela ficasse sonolenta e fosse dormir, para então tirar-lhe a pérola. Como estava sozinho e me mantinha à parte, parecia um estranho para meus companheiros de hospedagem. Entretanto, lá eu vi um homem livre, meu parente da terra da Alvorada, um jovem formoso e bem favorecido, filho de Nobres. Ele veio e juntou-se a mim.

Fi-lo meu parceiro predileto, um parceiro para minhas jornadas. Como constante companheiro alertou-me sobre os egípcios, para que evitasse misturar-me com os impuros. Pois, havia me vestido como eles, para que não pudessem imaginar que eu era estrangeiro e tinha vindo de longe para apossar-me da pérola e pudessem assim incitar a serpente contra mim.

Mas por alguma razão, eles souberam que eu não era de seu país. Com suas artimanhas, apresentaram-se a mim e ofereceram-me seus alimentos para comer. Ao prová-los, esqueci-me que era filho de um Rei e tornei-me um servo do rei deles. Esqueci completamente a pérola para a qual meus Pais me haviam enviado e, com o peso de seus alimentos, mergulhei num sono profundo
Meus Pais percebiam tudo aquilo que estava acontecendo, e ficaram ansiosos.

Foi feita então uma proclamação em nosso Reino: que todos se apresentassem rapidamente no Pórtico. E então os reis e chefes de Partia e todos os nobres do Levante decidiram que eu não deveria ficar no Egito. Escreveram-me uma carta e nela todos os nobres assinaram seu nome:

“De parte de teu pai, o Rei dos Reis, de tua mãe, Senhora do Levante, e de nosso segundo, teu irmão, ao nosso filho no Egito, saudações! Acorda e desperta de teu sono. Ouve as palavras de nossa carta! Lembra-te que és filho de um rei; vê a quem serviste em tua escravidão. Pensa outra vez sobre a pérola, a razão pela qual viajastes ao Egito. Lembra-te de tua veste gloriosa e de teu esplêndido manto, para que possas outra vez vesti-los e usá-los como ornamentos, e para que teu nome possa ser lido no Livro dos Heróis, e com nosso sucessor, teu irmão, possas ser herdeiro em nosso reino.”

A carta, que o Rei havia lacrado com sua mão direita, era como um mensageiro contra a ameaça dos filhos de Babel e dos rebeldes demônios do Labirinto. Ela voou na forma de uma águia, a rainha de todas as aves; voou até pousar ao meu lado, transformando-se num discurso inteiro. Com sua voz e o som de sua asas, levantei-me, despertando de meu sono profundo. Tomei-a, beijei-a, parti seu lacre e a li. As palavras de minha carta estavam redigidas como as que estavam escritas em meu coração.

Lembrei-me naquele momento que eu era filho de rei e que minha alma, nascida livre, tinha saudade daqueles da mesma natureza. Lembrei-me novamente da pérola, pela qual eu havia sido enviado em missão ao Egito. E comecei a cativar a terrível e ruidosa serpente. Encantei-a para dormir, cantando para ela o nome de meu Pai, o nome de nosso segundo e o de minha mãe, a Rainha do Oriente.

Apoderei-me, então, da pérola e parti em direção à casa de meu Pai. Retirei as vestimentas sujas e impuras, deixando-as em seu país de origem. Dirigi-me para o caminho pelo qual havia vindo, a estrada que leva à Luz de nossa casa, o Oriente. No caminho, encontrei diante de mim a mensagem que havia me despertado. E assim como ela havia me despertado com sua voz, agora me orientava com sua luz que brilhava à minha frente; com sua voz vencia meu temor, e com seu amor me conduzia.

Eu segui adiante… Vislumbrava, às vezes, as vestes reais de seda, brilhando diante de mim. Segui adiante; passei pelo Labirinto; deixei a Terra de Babel à esquerda; e cheguei a Maishan, o lugar de encontro dos mercadores, que se localiza na costa.

Meus pais enviaram-me a Veste de Glória que eu havia despido e o Manto que a cobria. Enviaram-nos das alturas de Hyrcânia, pelas mãos de seus distribuidores de tesouros, pois que, por sua lealdade, a eles podiam ser confiados. Sem me lembrar de seu esplendor, pois a havia deixado na Casa de meu Pai na minha infância, ao vê-la, imediatamente a Veste pareceu-me como a imagem de mim mesmo.

Percebi nela todo o meu ser e, por meio dela, reconheci-me e percebi-me. Pois, apesar de termos sido originados da mesma unidade, éramos parcialmente divididos e, no entanto, éramos também unos em semelhança. Também, os tesoureiros que a haviam trazido do alto para mim, vi que eram dois seres, mas havia uma única forma em ambos, um único símbolo real consistindo de duas metades. E traziam meu dinheiro e minha riqueza em suas mãos e deram-me minha recompensa.

A gloriosa veste reluzente, enfeitada com brilhante esplendor de cores: com ouro, pérolas e também com pedras preciosas de diferentes cores. Para realçar sua grandeza estava cingida com diamantes. (Além disso) a Imagem do Rei dos Reis estava estampada inteiramente nela; pedras de safiras tinham sido afixadas na gola com lindo efeito.

Percebi que movimentos de Gnosis abundavam em toda sua extensão, e que estava se preparando como que para falar. Ouvi o som de sua música, que sussurrava ao descer: ‘Sou eu que pertence àquele que é mais forte do que todos os seres humanos e para o qual fui indicada pelo próprio Pai. E percebi em mim como minha estatura aumentava com sua atividade’.

E (agora), com seus movimentos reais, ela vinha em minha direção, como que apressada nas mãos de seus doadores, para que eu pudesse (tomá-la e) recebê-la. E de minha parte, também, meu amor instava-me a correr ao seu encontro e tomá-la. Estendi-me para recebê-la; com sua beleza colorida vesti-me e enrolei-me em meu manto de cores resplandecentes.

Vestido dessa forma, ascendi ao Portal das Boas Vindas e da Reverência. Inclinei minha cabeça e prestei homenagem à glória do Pai que a havia enviado, cujas ordens eu havia cumprido, e que, de sua parte, também havia feito o que prometera. Ele recebeu-me com alegria, e fiquei com Ele em seu Reino, e todos seus súditos estavam cantando hinos com vozes reverentes. Ele permitiu-me também ser levado à corte do Rei em sua companhia, para que com a pérola eu pudesse comparecer diante do Rei.”